sábado, 28 de novembro de 2009

jornalismo de 1ª categoria

Ontem estava a ver o telejornal e fui brindado com mais uma fantástica demonstração do egocentrismo humano.
O jornalista informava-me de que 25 mulheres foram assassinadas desde o início do ano, vítimas de violência doméstica, e num toque mais pessoal, fez questão de referir que essa estatística era a mais alta da Europa e consequentemente, uma vergonha para o nosso país.

Em primeiro lugar, foram assassinadas 25 mulheres, mas ele estava preocupado em como isso ia fazer de nós mal vistos aos olhos da Europa. Nós, os vivos. As verdadeiras vítimas destes actos. Sobrevivemos e por isso arriscamo-nos a ter a Europa a olhar para nós de lado. Coitados de nós...
Talvez se 25 mulheres assassinadas fosse a estatística mais baixa, a situação passaría despercebida e não seríamos mal vistos. Afinal de contas o assassinato de 25 mulheres não é nada de que ter vergonha se isso for a estatística mais baixa, certo?!
Ele próprio disse que é uma vergonha, por ser a estatística mais alta da Europa. Portanto o problema não é o acto em si. O problema é a estatística que nos coloca em pior posição relativamente ao resto da Europa.

Mas, como sempre, tenho uma ideia brilhante e eficaz para corrigir a desonra que todas estas mulheres mortas nos estão a causar.

É simples... Pegamos nestes exemplares de macho latino que temos no país, estes grandes homens que batem em mulheres porque isso os faz sentir fortes e superiores e, em vez de os prendermos, damos-lhes passaportes e enviamo-los para os restantes países europeus. Depois é só esperar que a estatística de todos esses países ultrapasse a de Portugal, livrando-nos assim de toda esta vergonha.
Após eles terem cumprido a tarefa, trazemo-los de volta, amarrámo-los a uma cadeira e deixámos que um desses grupos feministas trate do resto com a ajuda de alicates e talvez um maçarico. Com esta última parte transmitida pela televisão nacional em canal aberto, para servir de aviso a todos os outros machos alpha que ainda estão no anonimato.

Em segundo lugar e para terminar, quem é o jornalista para me dizer que isso é uma vergonha?!
Eu é que decido se é uma vergonha ou não! Se calhar até tenho orgulho nisso! Com certeza que os agressores sentem orgulho por terem contribuído para a estatística.
Não preciso de um jornalista que me diga o que sentir e pensar.
Ele que me traga as notícias de uma forma directa e imparcial, como é o dever dele!
Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...