segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

“Estás comigo, estás com deus."

Conhecem a expressão? Claro que conhecem!

Significa que com aquela pessoa estás bem, estás seguro e não te acontecerá nada de mal.

Mas será assim tão bom estar com deus? Afinal nunca alguém esteve com ele para pôr a expressão à prova. Pelo menos alguém que sobrevivesse para relatar a experiência...

Já ocorreu a alguém que talvez não seja assim tão bom estar com deus?

Se calhar ele fala alto de mais; se calhar tem mau odor; se calhar é daquelas pessoas exasperantes que sentem uma necessidade intrínseca de estarem constantemente a picar-nos com o dedo enquanto falam connosco; ou então solta flatulência e culpa as pessoas que se encontram ao seu redor, mesmo quando só está ele e mais um indivíduo.
São estas as possibilidades que eu pondero enquanto estou sentado na sanita, à espera que alguém vá comprar papel higiénico, que entretanto acabou.

Temos que pensar nestas coisas.
Não podemos apenas assumir que é bom estar com deus.

E será que estar com deus é assim tão seguro?

Que tal perguntarmos àqueles crentes que morreram no Brasil, quando a igreja onde estavam desabou sobre eles?

Perguntemos aos peregrinos que morreram numa derrocada em Meca, há uns anos atrás. Deus também estava com eles.

Ou então perguntemos aos mais de 140 peregrinos que morreram no desabamento de um muro num templo hindu, em Setembro de 2008. Deus também não interviu por eles.

Se estas pessoas sobrevivessem, diriam que era um milagre. Tal como aterragem de emergência em que toda a gente sobrevive, ou mesmo a neuro-cirurgia em que tudo corre bem. Um milagre! Tudo obra do senhor.

Contudo parece que nestes casos a força de deus não foi suficiente para evitar que aquelas estruturas desabassem por cima daqueles religiosos.

Mas então deus consegue aterrar um avião de emergência e fazer uma cirurgia complexa, mas não percebe nada de construção civil?
Onde está a omnipotência afinal?

Já agora, qual é o oposto de milagre?

Confesso que acho uma certa piada mórbida quando ligo a TV e está a dar a notícia do desabamento de mais um templo ou igreja, que matou umas dezenas de religiosos.
Tenho curiosidade em saber se eles ainda têm tanta consideração por deus, como tinham antes de serem feitos em papa, por uma parede de duas toneladas.
Afinal de contas morreram no santuário. O lugar santo livre de todo o mal.

Pois onde está a santidade em morrer soterrado?
Vão dar entrada no paraíso alguns religiosos bastante chateados. Ou no inferno.

Alguns religiosos vão para o paraíso, a maioria não…

Tento imaginar como será a conversa destas pessoas com deus e não consigo parar de rir.

Vejam bem a ironia da situação:

estas pessoas viviam em função daquela entidade invisível, adoravam-na e cumpriam os seus mandamentos; tudo em prol do conforto divino. E o que ganharam com isso? Ganharam um pedaço de betão santificado, mesmo em cima do crânio.

Pois a verdade é que não há nenhum deus
Não há paraíso, nem inferno. 
Não há omnipotência, nem milagres. 
Nem tão pouco há lugares santos. 
E a expressão: “estás comigo, estás com deus”,
na verdade significa: “estás por tua conta”.
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