terça-feira, 13 de janeiro de 2015

'Não há duas sem três'

isto é totalmente falso.
Para o provar, vou novamente fazer uso da minha lógica infalível.

Comecemos com um exemplo básico - mas flagrantemente rebuscado, como que em função de esticar o texto: as sapatilhas.
Vêm sempre aos pares; portanto, há duas sem três. Simples.
Tanto quanto sei, não existem trios de sapatilhas. Talvez venham a existir em Fukushima, não deverá tardar muito, mas por enquanto só as vejo expostas aos pares.
Podem até pegar neste exemplo e tentar dar a volta pelo outro lado, ao argumentarem que para os amputados há só uma. O que, novamente, é falso - eles têm sempre que comprar o par.
É verdade que só são capazes de usar uma sapatilha, mas adquiriram o par; a não ser que existam lojas especializadas em amputados, que vendem o calçado à unidade.
Se for esse o caso e realmente existirem lojas desse tipo, por favor deixem o link nos comentários. Tenho um tio que esteve na guerra colonial e que agora tem um toco no lugar da perna esquerda. Teve um acidente com uma debulhadora de milho, há seis anos, lá para os lados de Vila Real.
Já há seis anos que ninguém lhe oferece calçado. Toda a gente acha que é um desperdício de dinheiro - tudo o que pertence ao pé esquerdo, acaba sempre na lareira.
Mas apesar da deficiência, ele não perdeu o sentido de humor. O resto da família fica alerta e em silêncio durante o jantar de natal sempre que ele, depois de uns copos, começa a contar histórias acerca das suas façanhas em Angola; quando se divertia a dar balázios nas rótulas dos pretos.
O que ele se ri, enquanto limpa o cano do revólver!

Contudo - e voltando ao assunto inicial - a conclusão óbvia é que a expressão correcta será mesmo o inverso: não há três sem duas - pois o dois precede o três.
Mas seguindo a linha de raciocínio e ficando apenas pelos números naturais (N*) - por antecipação a algum maricas que eventualmente viesse chamar fracções ou números decimais para o assunto -, a verdade é que, sendo que o três não existiria sem o dois; o dois nunca existiria sem o um e, por consequência, o três também não.

Logo, não há três sem uma.


Qualquer dúvida; já sabem: escrevam num papelinho, guardem no bolso e não me chateiem.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

urgência escatológica

Serei eu a única pessoa que detesta quando está prestes a iniciar uma refeição e, vindo do nada, lhe dá uma vontade eminente de cagar?

Então acaba a jantar sentado na retrete, com umas papas de sarrabulho e um prato de bacalhau com natas, equilibrados sobre as pernas, e com um copo de coca cola, pousado por cima do autoclismo...?
E quando finalmente chega à altura de pedir a sobremesa, já nenhum funcionário do restaurante tem coragem de sequer se aproximar do quarto de banho...?

Foda-se, odeio quando isso acontece!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

vestuário sasonal


Há uns dias, enquanto pegava num par de boxers, constatei que inconscientemente tenho andado a empurrar um par em concreto para o fundo da gaveta, à medida que me vou servindo de outros pares. Esses boxers apresentam a particularidade de terem estampado um Pai Natal e umas letras que se leêm 'Feliz Navidad'. E, sim, foram-me oferecidos no Natal, por uma tia. E não, a minha tia não é espanhola nem de outra qualquer nacionalidade que justifique o idioma que pode ser lido nos boxers.
Mas a minha conclusão foi que eu, descontroladamente e por impulso, não ia usar aqueles boxers até ao próximo Natal - como se alguém fosse casualmente espreitar a minha roupa interior e posteriormente gozar-me, porque está fora de época.
Foi então que, após essa constatação, deliberei que vou usar esses mesmos boxers todos os dias, de forma a combater o instinto irracional de não me servir deles.
Já lá vão três semanas e ainda hesito um pouco antes de sair de casa com eles vestidos... Mas neste ponto é mais devido à repugnância demonstrada pelas pessoas que me rodeiam e também por causa da minha vida social que consequentemente tem vindo a definhar de forma gradual.
Mas isso é secundário! Primeiro estão os meus problemas comigo mesmo e só depois de os resolver é que dou a devida importância aos meus problemas com os demais!

Prevejo a minha reabilitação total lá para meados do próximo mês.
Se até lá deixarem de falar comigo, esclareço já que entendo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

boa viagem

Há umas semanas, enquanto me dirigia para Lisboa de camioneta, com o intuito de ir ver um concerto - do Jack White, já agora -, o meu subconsciente fez questão de me recordar de todos os despistes de camionetas dos quais alguma vez tomei conhecimento, nos quais, por consequência, todos ou quase todos os passageiros morreram.
Lá ia eu a olhar através da janela, sentado ao lado de uma gorda que transportava com ela três sacos cheios de comida - não fôssemos porventura ficar presos numa gruta não cartografada e de repente dar-lhe a larica - quando subitamente surge na minha cabeça: 'e se a camioneta cair numa valeta e falecermos todos?'; mas rapidamente contrapus com o argumento: 'Seria uma coincidência enorme acontecer mesmo no dia d'o concerto. Isso não vai acontecer!'. - e tenho como facto que não sou o único a pensar assim. É realmente um lugar comum.
O que é certo é que continuei a pensar naquilo, e ao fim de nem assim tanto tempo de reflexão, concluí que as pessoas que efectivamente morreram em acidentes de camioneta, certamente também iam a algum lado. E não me refiro àqueles que iam apenas ao supermercado da cidade comprar uma lata de salsichas e dois pacotes de leite! Refiro-me indivíduos com coisas relevantes para fazer. Por exemplo: se calhar algum deles ia levantar o primeiro prémio do Euromilhões e acabou entre duas rochas, numa posição estranha, com o fémur a trespassar-lhe o crânio.
Se calhar algum passageiro era um serial killer que ia ao funeral de uma das suas vítimas, em busca de regozijo mórbido e ficou a 2km do cemitério, empalado num pinheiro. Que coincidência poética!
Se calhar até havia algum passageiro que planeava rebentar com a camioneta e matar toda a gente em forma de protesto contra as empresas de higiene pessoal que fazem o papel higiénico muito fino e assim sendo, arranha o esfíncter; mas uma ravina com 150 metros estragou-lhe os planos. Ainda por cima ficou tetraplégico!
Pelo menos deixou de sentir o arranhar do papel, portanto podia ter sido pior...

Após esta breve introspecção senti-me mais elucidado acerca de fenómenos imprevisíveis, como acidentes. Contudo, deixei de me sentir especial e fiquei um pouco mais preocupado de cada vez que passávamos perto de uma ravina ou de uma ponte. Mas, como podem constatar, a viagem correu bem e não foi necessário os bombeiros desencarcerarem-me de entre a gorda e os sacos de comida.
Além disso, o concerto foi incrível!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

brincadeira de mau gosto

Uma coisa - entre muitas outras - que me irrita na igreja católica, é o exagero na dose de escárnio dirigida ao povo africano.
Eu até sou um indivíduo com sentido de humor e admito que a igreja faz coisas que têm a sua piada. Como, por exemplo, terem-se manifestado contra o uso de preservativos numa África infestada de SIDA - essa foi muito boa. Ou até mesmo aquela piada clássica de quando enviam um representante a África fazer um lamento contra a pobreza sentado num trono de ouro e cheio de jóias - o que eu me rio dessa!
Porque essas são partidas realmente engraçadas e que até eu as faria caso os bilhetes de avião para África não fossem tão caros.
Mas onde eu quero chegar é ao argumento de que há um limite para as brincadeiras. Acho inqualificável que volta e meia uns quantos membros da igreja se reúnam todos na Capela Sistina, e quando subitamente começa a sair fumo pela chaminé, vem um qualquer diácono à varanda da Basílica de São Pedro gritar: 'habemus papam!' - que significa 'temos papa!'. Aparentemente estiveram a cozinhar. Daí o fumo.
Só quem não quer ver é que não percebe que isto é novamente a gozar com o povo africano.
É algo do género: 'vocês aí a morrerem à fome, e nós aqui a fazermos banquetes!' - isso porque por esta altura já passaram uns dias desde que eles se fecharam na capela a cozinhar, portanto podem imaginar a fartazana que por lá vai!
E para serem ainda mais maldosos, eles trancam-se todos dentro da capela e não deixam ninguém entrar; que é mesmo como quem diz: 'temos papa, mas é nossa!'.
Depois aquilo é tudo transmitido em canal aberto, por todo o mundo, para garantirem que a troça tem efeito.

E isto eu acho que já é ir longe de mais.
Tudo bem: a igreja católica tem feito umas coisas engraçadas ao longo do tempo, mas isto de gozar com o povo africano já começa a ficar velho.
Está na hora de escolherem outro grupo de pessoas para gozarem. Tipo as pitas. Já merecem há uns anos!
Vamos lá inovar, senhores cardeais, e deixar de bater no ceguinho! Ou no raquítico, neste caso.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Notícia de última hora IV:

Investigadores do Massachusetts Institute of Technology [MIT] estão a desenvolver um software para diagnosticar a doença de Parkinson analisando a voz, durante uma chamada de três minutos.
A doença costuma manifestar-se cedo na voz, pois afecta a capacidade de controlar as cordas vocais e, através de um algoritmo de processamento de discurso, o software identifica as alterações.
Esta tecnologia é uma revolução na chamada telemedicina, cujo último grande avanço foi uma medida de prevenção da desidratação, cujo procedimento consiste em telefonarem a pessoas aleatórias e gritarem-lhes para irem beber água.

Num projecto paralelo, o mesmo grupo de investigadores procura combater o número crescente de pessoas que morrem devido a paragens cardio-respiratórias enquanto se encontram sozinhas em casa.
A ideia resume-se a criar um sistema que identifica quando alguém entra em paragem cardio-respiratória e transmite um pedido de ajuda a um profissional de saúde destacado que, por sua vez, entra em contacto com o endereço telefónico em questão e procede com uma tentativa de reanimação pelo telefone - cuja mecânica está também a ser desenvolvida.
Contudo, apesar da aparente solidez do conceito, ainda não encontraram solução para o grande obstáculo que encontraram logo à partida e que os tem vindo a atormentar desde então:

quem vai atender o telefone?


A equipa apela a cientistas de todo o mundo para unirem esforços em busca de uma resolução, mas mantêm-se optimistas e esperam consegui-la nos próximos anos.

sábado, 7 de julho de 2012

velhos e autocarros

Irritam-me aqueles idosos - ou velhos, se nos deixarmos de merdas - que estão convencidos de que os lugares da frente do autocarro lhes pertencem, como se fosse algum direito adquirido, complementar ao 'pacote reforma'.
Há lugares reservados, sim, mas estão destinados a grávidas, pessoas com crianças de colo e deficientes físicos.
Nunca vi qualquer aviso onde fosse legível que aqueles lugares estão reservados para velhos azedos e sem maneiras. E como não é habitual ver muitos velhos grávidos ou com crianças de colo, não sinto obrigação alguma de ceder o lugar a estas pessoas, mesmo quando começam a chorar ao meu lado e a dizerem que estão muito cansados, enquanto seguram quatro sacos com compras do Lidl e batem com a cara nos vidros do autocarro de cada vez que o motorista trava. Além disso, nem sequer dá tempo para eu ficar realmente incomodado, pois graças à sua falta de equilíbrio, não tarda muito até irem às cambalhotas para as traseiras.
O princípio da deficiência poderia ser discutível, mas em alguns casos é necessário salientar que este não se refere a deficiência mental, mas sim física; e independentemente do estado terminal no qual estes indivíduos aparentam encontrar-se, eu não vou ter isso em consideração, dado que acabei de os ver a executarem uma série de placagens quando pensavam ter visto um lugar vazio na parte de trás do autocarro. Nessa situação pareceram-me bastante saudáveis!

Comigo é assim que funciona. Estes são os meus termos.
Quem gostar, gosta; quem não gostar, que ficasse em casa a ver o Preço Certo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Três!

É só para esclarecer algumas pessoas de que a expressão 'repetir uma segunda vez' implica que o indivíduo em questão fez o que quer que seja que está em discussão três vezes; não duas.
Parece que nem a comunicação social acerta com esta.

Por exemplo:

'O Reinaldo comeu tudo e ainda repetiu uma segunda vez.'

Isto significa que o Reinaldo comeu o primeiro prato (1), repetiu (1 + 1), e ainda repetiu novamente - ou 'repetiu uma segunda vez' (1 + 1 + 1 = 3).

Achei relevante salientar isto, dada a notória dificuldade que muita gente tem em aplicar esta expressão - e como sabem, estou aqui para ajudar!

sábado, 30 de junho de 2012

Diálogo entre góticos:

- Convidaste o Fernando para a sessão de auto-mutilação?


- Convidei e ele cortou-se.
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