quinta-feira, 11 de outubro de 2012

boa viagem

Há umas semanas, enquanto me dirigia para Lisboa de camioneta, com o intuito de ir ver um concerto - do Jack White, já agora -, o meu subconsciente fez questão de me recordar de todos os despistes de camionetas dos quais alguma vez tomei conhecimento, nos quais, por consequência, todos ou quase todos os passageiros morreram.
Lá ia eu a olhar através da janela, sentado ao lado de uma gorda que transportava com ela três sacos cheios de comida - não fôssemos porventura ficar presos numa gruta não cartografada e de repente dar-lhe a larica - quando subitamente surge na minha cabeça: 'e se a camioneta cair numa valeta e falecermos todos?'; mas rapidamente contrapus com o argumento: 'Seria uma coincidência enorme acontecer mesmo no dia d'o concerto. Isso não vai acontecer!'. - e tenho como facto que não sou o único a pensar assim. É realmente um lugar comum.
O que é certo é que continuei a pensar naquilo, e ao fim de nem assim tanto tempo de reflexão, concluí que as pessoas que efectivamente morreram em acidentes de camioneta, certamente também iam a algum lado. E não me refiro àqueles que iam apenas ao supermercado da cidade comprar uma lata de salsichas e dois pacotes de leite! Refiro-me indivíduos com coisas relevantes para fazer. Por exemplo: se calhar algum deles ia levantar o primeiro prémio do Euromilhões e acabou entre duas rochas, numa posição estranha, com o fémur a trespassar-lhe o crânio.
Se calhar algum passageiro era um serial killer que ia ao funeral de uma das suas vítimas, em busca de regozijo mórbido e ficou a 2km do cemitério, empalado num pinheiro. Que coincidência poética!
Se calhar até havia algum passageiro que planeava rebentar com a camioneta e matar toda a gente em forma de protesto contra as empresas de higiene pessoal que fazem o papel higiénico muito fino e assim sendo, arranha o esfíncter; mas uma ravina com 150 metros estragou-lhe os planos. Ainda por cima ficou tetraplégico!
Pelo menos deixou de sentir o arranhar do papel, portanto podia ter sido pior...

Após esta breve introspecção senti-me mais elucidado acerca de fenómenos imprevisíveis, como acidentes. Contudo, deixei de me sentir especial e fiquei um pouco mais preocupado de cada vez que passávamos perto de uma ravina ou de uma ponte. Mas, como podem constatar, a viagem correu bem e não foi necessário os bombeiros desencarcerarem-me de entre a gorda e os sacos de comida.
Além disso, o concerto foi incrível!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

brincadeira de mau gosto

Uma coisa - entre muitas outras - que me irrita na igreja católica, é o exagero na dose de escárnio dirigida ao povo africano.
Eu até sou um indivíduo com sentido de humor e admito que a igreja faz coisas que têm a sua piada. Como, por exemplo, terem-se manifestado contra o uso de preservativos numa África infestada de SIDA - essa foi muito boa. Ou até mesmo aquela piada clássica de quando enviam um representante a África fazer um lamento contra a pobreza sentado num trono de ouro e cheio de jóias - o que eu me rio dessa!
Porque essas são partidas realmente engraçadas e que até eu as faria caso os bilhetes de avião para África não fossem tão caros.
Mas onde eu quero chegar é ao argumento de que há um limite para as brincadeiras. Acho inqualificável que volta e meia uns quantos membros da igreja se reúnam todos na Capela Sistina, e quando subitamente começa a sair fumo pela chaminé, vem um qualquer diácono à varanda da Basílica de São Pedro gritar: 'habemus papam!' - que significa 'temos papa!'. Aparentemente estiveram a cozinhar. Daí o fumo.
Só quem não quer ver é que não percebe que isto é novamente a gozar com o povo africano.
É algo do género: 'vocês aí a morrerem à fome, e nós aqui a fazermos banquetes!' - isso porque por esta altura já passaram uns dias desde que eles se fecharam na capela a cozinhar, portanto podem imaginar a fartazana que por lá vai!
E para serem ainda mais maldosos, eles trancam-se todos dentro da capela e não deixam ninguém entrar; que é mesmo como quem diz: 'temos papa, mas é nossa!'.
Depois aquilo é tudo transmitido em canal aberto, por todo o mundo, para garantirem que a troça tem efeito.

E isto eu acho que já é ir longe de mais.
Tudo bem: a igreja católica tem feito umas coisas engraçadas ao longo do tempo, mas isto de gozar com o povo africano já começa a ficar velho.
Está na hora de escolherem outro grupo de pessoas para gozarem. Tipo as pitas. Já merecem há uns anos!
Vamos lá inovar, senhores cardeais, e deixar de bater no ceguinho! Ou no raquítico, neste caso.
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